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#Notícias | 19/11/2024
BPE recebe o escritor Jeferson Tenório
*Foto: Carlos Macedo
Napróximaquinta,dia21,às19h,acomunidadeteráaoportunidadedesereunircomoescritorJefersonTenórioparaconversarsobreproduçãoliterária,noSalãoMouriscodaBibliotecaPúblicadoEstado(BPE),umadasinstituiçõesdaSecretariadeEstadodaCultura(Sedac).Aentradaégratuita.
Naocasião,ovencedordoPrêmioJabuti2021,JefersonTenório,falaráduranteduashoras,sobresuasobraseotrabalhodeescritor,commediaçãodaprofessoraRobertaFloresPedroso(IFRS-Camaquã).
OeventointegraascomemoraçõesdoMêsdaConsciênciaNegra.Aprogramaçãoincluimúsica,literatura,slamedebatesliterários,semprecomentradafranca.ABibliotecaPúblicadoEstadoficanaruaRiachuelo,1190,noCentroHistóricodePortoAlegre.
SobreoDiadaConsciênciaNegra
ODiadaConsciênciaNegraécelebradoem20denovembrocomoformadevalorizaçãodaculturaedaidentidadeafro-brasileirapormeiodeaçõesdeenfrentamentoaoracismoedodebatesobreaescravidãonoBrasileoracismoestruturaldasociedade.AdatafoicriadaemPortoAlegre,em1965,porintelectuaisdoGrupoPalmares.Omovimentoescolheuo20denovembroemhomenagemàdatadamortedeZumbidosPalmares,umsímbolodaresistênciaedalutapelaliberdade.AefeméridetambémédedicadaareconhecerascontribuiçõesdapopulaçãonegraàformaçãodoBrasilereforçaanecessidadedevalorizaradiversidadeétnicaeculturaldopaís.
SobreJefersonTenório
Jeferson Tenório nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Radicado em Porto Alegre, é graduado em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua como professor de língua e literatura na rede pública de ensino de Porto Alegre. Em entrevistas o autor relata que o seu amor pela literatura surgiu depois dos 20. Hoje ele se orgulha de ter uma biblioteca em casa. As leituras que mais moldaram a sua carreira foram Dom Quixote de la Mancha, Quarto de despejo e textos filosóficos de Freud.
O escritor é Mestre em Literaturas Luso-africanas, pela mesma Instituição, com a dissertação “Em busca do outro pé e outros niilismos na obra de Mia Couto”, defendida em 2013. Trabalho, centrado numa perspectiva pós-colonial,
No momento, conclui seu Doutorado em Teoria da Literatura na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com a tese “A autópsia de um imaginário em ruínas: a memória nas narrativas de regresso em 4 autores portugueses” e, novamente, toma como questões centrais: colonialismo, pós-colonialismo, identidade e diáspora africana na pós-modernidade. Outra questão que o trabalho acadêmico de Tenório traz é uma problematização e desmistificação do continente africano como um lugar de regresso em busca de suas raízes.
Segundo o autor, “a tese tem como intuito principal pesquisar as representações da figura paterna nas literaturas luso-africanas, de modo a estabelecer comparações epistemológicas entre a representação ocidental e africana. Assim, o objetivo da tese é o de avaliar as nuances e a complexidade da representação do pai nessas literaturas contemporâneas”.
Tenório estreia no romance em 2013, com “O beijo na parede”, vencedor do prêmio de “Livro do Ano” da Associação Gaúcha dos Escritores. A narrativa chama a atenção pela forma com que arrebata a atenção do leitor, fazendo-o percorrer os cenários da carência material e afetiva que marcam o cotidiano dos desvalidos alojados na metrópole contemporânea. E já de início destaca a precariedade decorrente da pobreza e do abandono, com destaque para a fragilidade da vida perante o racismo cotidiano, tudo isto narrado em primeira pessoa por João – o protagonista de onze anos:
“Posso dizer a vocês que foi na escola que soube pela primeira vez que eu era negro. Até então eu também era ignorante nesse assunto. Na escola Cícero Pena, em Copacabana, meus colegas faziam muitas piadas sobre negros. No começo eu até achava graça. E digo a vocês que é igualmente ruim viver na ignorância. E a gente nunca é negro por acaso, porque antes de ser negro a gente tem que aceitar, entender que a gente tem uma cor preta e que isso faz a diferença na vida. Um dia, eu tive uma professora que me explicou tudo sobre a escravidão.”, reflete o narrador. E prossegue: “Dizem que nós, os negros, fomos trazidos acorrentados em navios negreiros. Que os negros eram tratados como animais, que os negros levavam chibatadas, que foram passivos e se deixaram escravizar. Assistimos a muitos filmes sobre as senzalas, sobre os quilombos, e sempre que isso acontecia meus colegas brancos me apontavam na tela e me chamavam de escravo. O problema é que na infância não se pode fazer muita coisa a respeito da nossa cor. Todos me ensinavam que eu só podia ser preto, e não me deixavam ser simplesmente uma pessoa, mas juro que quando ficar maior vou poder ser apenas uma pessoa, e pronto. (O beijo na parede. Tenório, 2013)
Já seu segundo romance, “Estela sem Deus”, de 2018, também narrado em primeira pessoa e igualmente impactante, Jeferson Tenório retoma a problemática do amadurecimento precoce da infância e juventude negras, num contexto marcado pelo racismo e pela subalternidade econômica e social. Aos treze anos, a protagonista devaneia em se tornar filósofa e busca superar os inúmeros entraves colocados no caminho dos desvalidos:
Em 2020, vem a público “O avesso da pele”, publicado por uma grande editora e aclamado pela crítica como um dos maiores lançamentos do ano. A exemplo dos anteriores, o livro trata da violência naturalizada contra pessoas negras e pobres, mas sempre a partir de um ponto de vista interno, voltado para a expressar a voz das vítimas. Conta, pela fala do filho órfão, a trajetória de um professor de literatura trabalhando com jovens problemáticos numa escola da periferia de Porto Alegre e, mais tarde, vítima de agressão policial. O avesso da pele encerra o que o autor designa como “Trilogia do abandono” e volta a trazer para o centro do processo narrativo a voz da consciência jovem em sua formação rumo à construção da cidadania. Na orelha do livro, assim se manifesta o escritor e crítico Paulo Scott:
Recentemente, em outubro desse ano, o autor lançou seu quarto livro “De Onde Eles Vêm”, sobre a trajetória de Joaquim, um jovem negro que transita entre dois ambientes completamente diferentes durante a juventude. A obra é inspirada na experiência pessoal de ingresso na universidade, como cotista e já está impactando os leitores.
(Fonte: LiteraAfro: http://www.letras.ufmg.br/literafro/autores/1239-jeferson-tenorio)
Sobreamediadora
RobertaFloresPedrosoéprofessoradoIFRSdeCamaquã.ÉlicenciadaemLetrasePedagogia,especialistaemLiteraturaBrasileiraemestreemLiteratura.AtualmenteestáfazendodoutoradoemLiteratura,SociedadeeHistóriadaLiteratura.AtuacomopesquisadoranaautoriadeescritoreseescritorasnegrasbrasileirascomfoconoséculoXIX.Éautoradoscomentáriosdolivro“Úrsula”,daeditoraLeituraXXIe“Pãotextoeágua,aLiteraturaquandonegra”,pelaeditoraFiguradeLinguagem.
Fotos:CarlosMacedo
SERVIÇO
JefersonTenórionaBPE
Quando:21.11,às19h
Onde:SalãoMouriscodaBibliotecaPúblicadoEstado(RuaRiachuelo,1190,CentroHistórico,PortoAlegre)
Entradagratuita
Contato:
CláudiaAntunes(AssessoriadeImprensadaBPE)-bpe.imprensa@gmail.com
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Fontes: